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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Primeira visita ao templo

Esse acontecimento foi ontem, mas mesmo atrasada vou escrever sobre, pois foi um turbilhão de emoções que despertou em mim.

Espaço grande e verde. Frequentadores trabalham cuidando do gramado. Templo.


Último dia na casa da família do diretor, último dia do final de semana(feriado) de aniversário do Mahatma Gandhi e uma vontade grande de conhecer o  espaço verde, amplo de onde ouço mantras do meu quarto. Bom, como ninguém falou de programação nenhuma, é pra lá que eu vou...
Acordei, todos estavam no quarto da avó. "Good morning, i would like to go to the temple next here". "Ok, I will call aunt and she goes with you". Algumas pessoas são chamadas de Aunt, geralmente empregadas.
A moça, vizinha, passou em casa e caminhamos até a sessão que estava começando. Não pode esquecer da dupatta, véu na cabeça, sem isso mulheres não entram nos templos, é sinal de respeito.
Bastante gente sentada no chão, de um lado homens do outro mulheres, "fiscais" de roupa branca organizam todos enfileirados. No palco de frente uma mulher da uma palestra e entre suas faladas um homem canta mantras. Eu reparo, fecho os olhos e me concentro, não entendo uma palavra, mas só de estar ali estou satisfeita compreende.
Uma hora mais ou menos, na saída passamos na livraria e eu ganhei um livro que fala sobre a mulher na sociedade, muito bacana da parte da didi (irmã em hindi). Caminhamos e no final ela me deu um abraço, nooossa quanto tempo não era abraçada assim, valeu.

Entrei em casa e Radjeep e Avó (Tejinder Kaur) estavam conversando sobre alguns catálogos de outras escolas para eles produzerem o da Playways High School, derrepente ela vem até mim e me dá um bem grande, de forma estúpida, dizendo para eu fazer minha aula daquele jeito. "Oi?" É, algo não estava bem.

As pessoas sempre ficam conversando ao meu redor, falam de mim, e por ser em Hindi é incompreensível, mas no meio dessa língua eles sempre falam algumas palavras em inglês, uma boa mistura. E percebi que ela comentava sobre eu ter ido ao templo.
Após almoço ela me comunica que todos vão a um encontro no Templo Sikh que eles frequentam e como eu vou estar dormindo, pois é logo após o almoço, que ai eles irão trancar a porta da casa. "Ok, não fui convidada, já entendi o recado".
Sobre a minha tarde sozinha no quarto tentando entender o que eu estava fazendo ali, não preciso detalhar.
O propósito desse post além de contar a experiência é dizer que DEUS é um só.

A sociedade aqui tem regras, bem claras. Quando cheguei aqui eu disse no discurso incial na escola que eu iria respeitá-los com o devido merecimento, porém em poucos dias sei que não tenho essa capacidade, pois desconheço essa desigualdade. Sei, de verdade, que eles merecem mais do ainda tenho pra dar, to me esforçando para aprender mais a respeitar.
Isso tudo foi uma conclusão minha, sem fatos. Acredito que o comportamento que senti foi por ter ido em outra religião e não ter ficado com eles em casa.

O dia terminou bem, eu e a avó assistimos a abertura dos jogos em Nova Delhi pela TV, muita dança, cor e vida. Vivendo e aprendendo.

Pra encerrar:
God has no religion”. Mahatma Gandhi

2 comentários:

  1. Ju,
    É muito bom ler estes seus relatos, pois me aproxima desta realidade tão distante da nossa.
    Sei que você vai tirar grandes lições desta diversidade, mesmo que para isso seja necessario algumas renúncias e uma boa dose de paciência.
    Busque forças pensando sempre em nós aqui que te aguardamos cheia de novas experiências e feliz.
    Boa sorte na sua nova casa.
    Um beijo
    Zinha

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  2. Ju,

    Faço das palavras da minha mãe as minhas. E digo mais: Me sinto muito orgulhosa de ter uma prima corajosa e persistente como você, que está aprendendo a lidar com diferenças em vez de simplesmente refutá-las.
    Torço pra q vc cresca cada vez mais por aí, e será ótimo tê-la de volta para nos ensinar muita coisa!!

    Beijão!!

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