Pesquise uma palavra que gosta.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

E no meio de tanta gente eu encontrei vocês...Bahiano e Gaúcho.



Depois de quase um mês tomei coragem para escrever. Adoro escrever e falar sobre minhas experiências, o problema é a objetividade que insiste em sair andando nessa hora ai os pensamentos tomam conta do momento e começa a luta por um texto compreensivo.

Àmeia-noite de uma quarta-feira um Aiesecer me liga, Kavijit, para me contar que tinha acabado de voltar do cinema com uma amiga e ela tinha levado um intercâmbista brasileiro junto. Levantei do sono na hora. "Please, give me his number". Eu já tava a um tempo querendo encontrar algum brasileiro em Chandigarh.

No dia seguinte liguei para José, Bahiano que o sotaque não engana. Conversamos um pouco e eu logo pedi para ficar na casa dele no final de semana. Tudo bem brasileiro é amigo, mas que folgada rss
Peguei o onibus em Patiala para Chandigarh. A viagem toda conversei com um colega ao lado, inglês fácil de entender (ufa), do outro lado estava o cobrador que não tem lugar fixo eles ficam andando no corredor e esse espertalhão no final da viagem ficava esticando a mão por debaixo da bolsa pra encostar em mim (segunda vez que isso acontece, a outra o vizinho escondeu a mão embaixo de uma blusa). O colega me colocou em um outro ônibus e cheguei no bairro de Mani Majra.
Segui a procurar pela casa dos brasileiros. No caminho encontro Gulnara(Russa) e Laura(Colombiana) alegres e contentes facilmente reconhecidas como estrangeiras. Elas estavam indo para o mesmo lugar, fomos juntas.
Na casa de José mora, um gaúcho o Denis, uma indonesa a Tya e uma indiana a Shivi. Decidimos fazer um churras, os meninos compraram frango, que pelo que eles descreveram foi morto na hora com uma facada dada por um menino de 10 anos, carne de cordeiro, pimentão recheado (eu que coloquei o recheio, mas ai esqueci de colocar sal e a Tya fez tudo de novo rs) e cebolas. Ficou muito bom.

No dia seguinte todos foram trabalhar, era segunda-feira e eu tinha feriado na escola. Acordei, o Denis com sua moto me deu carona até uma casa de câmbio, depois peguei um Tuk Tuk e fui para um museu. O motorista do Tuk Tuk falou que eu podia pagar o que quisesse, ai falei o valor mais baixo '10 rupees' eles ficou muito bravo e gritou para eu sair do carro, eu sai e deixei 20 rupees no banco, ele veio bufando atrás de mim cobrando 50. Depois de passar nervoso eu dei. Sai chorando, o museu tava fechado e eu tava assustada pelo acontecido com o motorista. Viu, eu precisava vir pra Índia. 

Logo em frente tinha um belo parque, Rose Garden. Que delícia. Andei entre as rosas, pessoas sentadas e caminhando. Um moço veio falar comigo, fiquei seca e falando grossa com ele "Ueh, estranho querendo ser amiguinho agora?". Depois de muito tempo eu cortando ele, paulistana nata, resolvi ficar um pouco mais tranquila com a presença dele. Sentamos em uma árvora, sempre com pessoas em volta, e fiquei lendo, falei que agora eu não queria mais conversar. Tomamos uma bebida, compramos, estava lacrada e depois de umas 2 horas juntos eu me encontrei com outro amigo da Aiesec para almoçar.

No almoço comi Dosa com o Gautam no setor 17, huuum. É uma massa, tipo crepe, gigaaante com batatas dentro e alguns molhos para colocar por cima. 
Rishab foi me buscar no restaurante e me levou para comprar frutas com ele e mais tarde me deixaria em um restaurante onde um Alemão estava comemorando o aniversário.

Cheguei no restaurante, tinham uns 15 intercâmbistas, todos arrumados e eu de chinelo com cara de quem estava dando uma volta no Guarujá. Sentei tranquila e pedi um dos pratos mais baratos, moh caro o lugar. José e Denis estavam lá também e no final da janta voltamos os 3 na moto, frio e eu no meio deles, foi bom me proteger.

Adorei conhecê-los. Fazem minhas idéias renovarem e me dão segurança de ter com quem contar. Como o Denis disse "Alguns amigos se unem pelos inimigos em comum, no caso, a sobrevivência". Depois que comecei a ir aos finais de semana ficar na casa deles, a minha vida social mudou, melhorou d+.

Bom...fica ai um final de semana para não deixar o blog tão parado.
Agora vou dormir, sentindo o cheiro de inceso que se chama Tortoise (minha nova arma na batalha contra os pernilongos). Estou na penúltima semana de aulas na escola. Encantada de ter cantado "One Love" com os alunos e ver o quanto eles curtiram. Falávamos sobre equanimidade.

"One love, one heart.
Let's get together and feel all right" (Bob Marley)

Se tantas diferenças, distância, e desigualdades nos separam, devemos achar a equanimidade no maior sentimento de todos, o AMOR, ele nos faz iguais!


Foreigners barbecue

Walking... "Educate ur child"

Rose Garden

Essa rosa é pro Bahiano

Melhor mercado de frutas da cidade

Amigo desconhecido do parque


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Diwali + feeling good!

O hospital que fiquei é uma hora distante da cidade que estou morando. Quando tive alta o Rajdeep, diretor da escola, tinha compromissos com um parente que havia falecido e não podia me buscar, portanto a família de uma Aiesecer me hospedou por 3 dias.
Sai do hospital, feliz por estar bem, fui direto para a casa da Vanya. Ela mora com os pais, a avó e um irmão. Foi muito bom estar com eles, a mãe da familia se preocupou comigo todos os dias preparando refeições especiais conforme o médico prescreveu. A relação entre Vanya e seu irmão me fez lembrar o meu irmão, que saudades.
Cheguei no dia 05 na casa da Vanya e fui avisada que no dia 06, o feriado de Diwali (feriado das luzes o mais esperado pelos indianos, eles adoram, parece o Natal, pois as casas são decoradas com luzes, troca-se presentes e tem muito fogos) seria um dia agitado, portanto eu devia descansar. Acordei no dia 06 e após receber um presente, uma bata bem legal, tomei café e iniciamos a decoração da casa. Primeiro colocamos flores no portão, ficou bunito.

Flores e folha de mangueira.

Depois começamos a desenhar o Rangoli, desenho feito com areias coloridas, fizemos o símbolo OM na entrada da casa.

Pra provar que ajudei.



Rato carregando o simbolo OM (rangoli).


Ai pegamos algodão e fizemos velas, pedaço de algodão enrolado dentro de um pequeno pote com óleo funciona como vela, espalhamos por toda a casa.
Quando toda a decoração estava feita iniciamos a comemoração, as 19h30 fomos para o templo(altar) da casa e fizemos oferendas de comidas, terceiro olho de tinta na testa, lã amarrada no pulso(costume nas celebrações hindus) e oração para os Deuses. Depois jantamos e fomos para a rua estourar fogos de artificio, a rua toda, cada um na sua casa, fazendo o céu brilhar...porém algumas famílias já não fazem mais essa comemoração, pois polue e existem muitos casos de queimaduras, na família do Rajdeep teve um. Quando já estavamos cansados dos fogos caminhamos pelo bairro e fomos dormir.

No dia seguinte os tios e primos da Vanya apareceram para passar o final de semana. Dormiram de sabado para domingo com nós. Fomos no parquinho, brinquei de pega-pega e desci no escorregador. No domingo de manhã teve uma celebração entre irmãos, as meninas davam comida para os meninos e em troca eles davam dinheiro...eu também participei e lembrei de você Di. A tarde fiquei assistindo filme com o primo da Vanya, lembrei do Fê. A noite o Rajdeep me pegou e eu agradeci muito a Vanya, sua mãe e familia por me hospedarem esses 3 dias. Com eles, lembrei muito da minha família, me senti a vontade e o principal é que senti muito amor entre eles e enxeu o meu coração também. Sério, teve um dia que senti meu peito cheio e fiquei pensando como colocar aquele amor pra fora.

Vanya e irmao.

Hoje é terça-feira, duas semanas depois que comecei a me sentir doente, voltei a trabalhar e me sinto bem. Logo no primeiro dia, que passei mal, comecei a me perguntar, "Por que eu estou passando por isso?", até comentei com a Hema que tenho isso de ficar me questionando a cada acontecimento. Acredito que tudo é meu, não é culpa de ninguém, mas sim minha história. No começo achei que estava doente por algum erro, alguma falha que tinha cometido, como se fosse um castigo. Mas depois de viver todos esses dias, ler um livro nesse período "Violetas na Janela" e refletir sobre esse período que estou na Índia sinto que esse estado de fraqueza que tive veio para que eu dê valor a minha saúde, para que eu me cuide de verdade, pois minha saúde é preciosa. Para que eu não tenha preguiça e nem coloque obstáculos no meu dia-a-dia, pois a maior alegria é poder vivê-lo. Na simplicidade da vida, nos pequenos atos, nas verdadeiras intenções, no prazer de sentir a vida ao ser útil e enxergar o serviço como um motivo de alegria, transformarmos qualquer mal estar em real encontro da real felicidade...

Blood infection, dengue = sickness

No dia 26 de Outubro, terça-feira, foi feriado na escola, pois as professoras estariam fracas para trabalhar. Nesse dia as mulheres ficam em jejum e quando a lua está no céu elas fazem uma prece para que seus maridos tenham vida longa e prosperidade. Eu não fiz o jejum mas fiquei bem fraca...
Após acordar, andar no parque e tomar café, que uma professora me enviou, fui fazer uma leitura e comecei a sentir dores no estomago, "Essa comida não caiu bem", mas depois do estomago comecei a sentir muito frio, era a febre chegando...junto com ela chegou no meu quarto a secretária da escola que havia me convidado para passar o feriado na casa dela e participar da prece para a lua a noite, mesmo com febre resolvi ir com ela, era melhor estar lá na casa dela com companhia do que na escola sozinha. Fiquei  a maior parte do tempo deitada na cama dos pais da Hema e como a Novalgina não adiantou no final da tarde o Rajdeep, diretor da escola, foi me buscar e me levou no médico. A essa altura eu já não conseguia enxergar direito, meu olhar não fixava, tinha muita nausea e febre. No médico eu peguei alguns remédios para combater a febre e a nausea, fui dormir na casa do diretor.
No outro dia aindas não me sentia bem, ao invés de trabalhar fui fazer exames em um médico mais especializado, depois do exame desmaiei, a pressão caiu e eu nem percebi que estava levantando, acordei no chão. A explicação que me deram quando o relatório do exame de sangue chegou foi que eu estava com infecção no sangue, eu já imaginei que era a comida da professora ou uns legumes que eu havia feito e que não estavam frescos.


Laboratório que fiz os exames de sangue.

Fiquei de molho, tomando remédios, descansando e com alimentação balanceada até o final de semana, e quando já estava me sentindo melhor, segunda-feira, vou ao médico e ele pede que eu seja internada. Ai eu já tinha ouvido falarem sobre dengue perto de mim e perguntei "What do I have doctor?" ele diz: "Dengo", diagnóstico esclarecido, eu estava com Dengue. Estava fazendo exames de sangue um dia sim e outro não para ver se as plaquetas aumentavam ou diminuiam, e dessa vez como esse número estava baixo e meu rosto, mãos e pés estavam avermelhados e inchados começou a busca pelo hospital para eu me tratar.
O ótimo foi que o plano de saúde funcionou super bem e fiquei em um hospital muito bom. Do dia 02.11 a 05.11 fiquei internada, quarto individual e bem limpo. Dois exames de sangue por dia, soro, comida gostosa de 2 em duas horas, enfermeiras o tempo todo, amigos da Aiesec me visitando e cada noite um dormia comigo, livro "Violetas na janela", filmes e sono.
Apesar de estar um pouco assustada de estar doente na India, com minha mãe no telefone querendo que eu voltasse para o Brasil na mesma hora, no hospital eu recebi um bom tratamento e depois que recebi alta estava me sentindo bem, bem  melhor...

A sonda para o soro.



Amigo da Aiesec que dormiu comigo na última noite.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Flores e seres humanos

Flores brasileiras e colar de "Welcoming" no primeiro dia na escola.

As flores. Terceiro assunto que abordamos em sala de aula. O primeiro foi introdução(segundo post) e segundo sobre descoberta, colonização e influencias na cultura brasileira (bem legal relembrar a história). 
Sobre as flores falamos de suas semelhanças com os seres humanos, capacidade de transformação, influencias externas no desenvolvimento e sensibilidade. Mostrei fotos, vídeos, como elas nos ajudam(ex: shampoo, chá, essencias medicinais da Amazônia, frutos), desenhamos, ajudamos plantando sementes e pensando em um bom sentimento para a flor (valores, coragem, sabedoria).
Somos sensíveis, como elas também, e hoje em sala de aula percebi que nas crianças essa percepção sutil, mesmo inconsciente, se faz presente.

Acordei e esperei dentro do quarto o sinal da segunda aula, a primeira fico livre. Levantei, andei três salas até chegar no VIIN, meninos de 10 a 13 anos. "Good Morning, take your seats" (eles devem receber os professores em pé). Como ontem montamos nossos nomes com verbos e palavras em inglês (J - to jump/jungle;U - to use/union) hoje iamos estruturar frases com verbos. Com o conteúdo no caderno e giz branco comecei a escrever no quadro. Ao longo da aula, durante a explicação e no momento para exercício houve conversa, mas em menor quantidade e volume do que o normal. Eu acho que eles perceberam que eu não estava 100%. Nas salas dos mais velhos não senti que eles tiveram essa percepção/compreensão, algumas meninas vejo cara de querendo oferecer amizade para me ver melhor e outras com nariz torto. Ueh, você é a professora!
Segui sem pedir silêncio durante o dia, me dei um dia de silêncio, mas não me fez bem. As crianças não são culpadas por eu me sentir despreparada, pelos meus ideais e sonhos que talves fujam a realidade. Fico mal de ver que perco oportunidades de passar coisas boas e até prejudico as pessoas ao redor por minhas inquietudes alterarem minha forma de agir.
Agora esta na hora de dormir, depois de conversar com minha mãe pelo skype, ler sobre educação espiritualizada,  sobre felicidade e outros assuntos de meu interesse, falar com amigos...me sinto melhor. Até consegui render trabalhando. 

Seres humanos e flores recebem influências externas que agem positiva ou negativamente no crescimento. Ambos nascem de uma união e dentro de uma "bola", nós ao longo da vida experimentamos diversas separações e temos conciência individual enquanto elas pensam no todo e, por isso, não perdem a conexão com o pai. Elas são a manifestão da beleza e mistério universal, representam o coração e a alma da planta, tem energias, são sensíveis e felizes naturalmente. Nós, além disso temos a consciência que nos dá a liberdade de escolha entre ser feliz ou infeliz e nos torna responsáveis por essa decisão.

Que a pureza das flores inspire a nossa decisão de ser FELIZ!




domingo, 17 de outubro de 2010

Dussehra - O bem vence o mal

Período de 10 dias Navratri Festival + Dussehra:
Descobri que esse período na Índia é de começo da colheita, portanto a deusa-mãe é chamada, como eu contei no último post, para iniciar a safra nova e reativar o vigor e a fertilidade do solo. As performances e rituais religiosos são também para invocar as forças cósmicas que rejuvenescem o solo.


No décimo dia, para encerrar os festejos do Navratri, comemora-se o Vijayadashami e a história dessa comemoração é a seguinte:
A sétima encarnação do Deus Vishnu, Rama, teve sua mulher, Sita, raptada pelo Rei Ravana. Ela foi levada para Siri Lanka ( reino de Ravana). Para resgata-lá Rama pediu ajuda a Durga, força feminina, e ela indicou o modo de obter sua mulher de volta. Houve uma batalha e Rama matou Ravana (o bem vence o mal).
Para marcar esse fato no décimo dia do Navratri, depois do pôr do sol, os indianos queimam imagem das divindades de Ravana, seu filho e seu irmão (mal). 


Eu, Ravana(meio), filho e irmão.

Eu fui até a praça aqui perto da escola ver eles queimando, teve palestra de um líder Hindu, fogos de artifício e depois botaram fogo no boneco com algumas músicas tocando falando o nome de Rama (bem).

Pegando fogo. Foi bem rápido.

Uma menina me falou "o homem (Ravana) errou uma vez só e todo ano é queimado", segundo o pai dela Ravana foi muito inteligente em vida.
É, e nós com tanta ignorância, afirmando ter razão e procurando a causa dos problemas ao redor ao invés de enxergar as emoções negativas internas, erramos tanto e tem vezes que até conseguimos justificar nossos erros, como mentiras e atos apenas pelo prazer próprio e momentâneo.
Sou contra matar por um erro e contra queimar em praça pública, sou a favor da verdade e da realidade presente que só é assim por que você passou por tudo que ficou no passado.
Para mim despertou questionamentos de condutas como mulher na sociedade, como valorizar essa força,energia, conhece-lá melhor, amar e respeitar como igual todas as mulheres e como cuidar melhor de minha mãe (obs: mesmo estando longe). Lembrei de erros do passado, quero que a verdade que busco na realidade atual esteja em nós pela prosperidade do bem.

(Para ouvir o mantra abaixo entre no link acima)
Vem surgindo um novo tempo,
Traz glórias do Divino,
Mais puros e atentos,
Nos tornamos canais do infinito

Mãe Divina eu quero ser,
Um filho realizado, 
E é perante o seu poder, 
Que me entrego pra ser libertado

Como o rio que corre para o mar,
Correntezas carregam o medo, 
Confiança para atravessar, 
A fronteira do Eu derradeiro

Não há desculpas para se escorar, 
Já foi dito a hora é esta,
O tempo é de se entregar, 
Abraçando o que ainda resta

Estou morrendo para o passado,
E nem anseio pelo futuro,
Minha coroa tem brilho dourado,
Provo o néctar do Amor maduro

Viva Virgem Maria!
Viva Nossa Senhora da Conceicao!
Viva a Rainha da Floresta!
Viva Yemanja!
Viva as mulheres!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Navratri Festival

Desde o dia 8 de Outubro algumas mulheres, Hindus (seguidoras do Hinduísmo), estão em jejum. Comem apenas frutas e entram em abstinência de carne e ovo durante 9 dias.

Sobre carne: As pessoas não comem carne de vaca, pois ela é considerada um símbolo da Mãe Universal, ela nos fornece leite e merece ser bem tratada, alimentada e cuidada por nós (seres humanos). Carne de frango, cordeiro, etc... muitas casas comem. Porém, a maioria das mulheres Hindus que conheci não comem carne e  nem ovos normalmente.

O jejum é uma purificação durante os dias de festival. Esta adoração, louvor é para Mãe Durga(conceito feminino do divino poder) que neste festival é representada nove manifestações de diferentes Deuses Hindus, portanto cada dia é dedicado a um Deus. 
Os Hindus acreditam na onipresença Divina, mas possuem mais de 300.000 Deuses (ele/ela - os Deuses devotados podem mudar conforme a região da India) que manifestam a Divindade.


Resumo: Navratri é celebrado com fervor no Norte da India fazendo o jejum e louvando a Mãe Divina em suas diferentes formas, durante nove noites.
Os dias de cerimônia mudam conforme o ano, em 2010 está sendo de 8 a 16 de Outubro(meio do mês lunar com o Dia de Nossa Senhora Aparecida no meio!). A data do Festival 'a Divina força feminina é determinado pelo calendário lunar - de acordo com a influencia solar e as estações encontra-se o momento sagrado de louvor.


Durante acontecem as rezas e pode-se comer uma comida "especial", batata feita com os condimentos daqui e frita, tipo um salgadinho(não entendo de cozinha) e um doce feito com batata que por íncrivel q pareça me lembrou brigadeiro sem nescau(huum, comer eu sei bem rs). Fora isso deve abster-se de tudo.

No dia 8 a noite começou e em frente a escola participei de uma cerimônia, segue o vídeo do incio. Incenso, oferendas, vela, flores:
Shera Wali Mata (Deusa no leão - imagem central do altar)

Trajes representam Deuses.

Muita música, dança, palmas e bandeirinhas.

Hoje, depois da escola, fui convidada pela secretária e passei a tarde em sua casa. A noite, após comer a comida "especial" fizemos um pequeno Puja (reza, ofertas, louvor, adoração).  Segue o vídeo:
Hema(secretária) avisando que agora é minha vez.

Canto - Hindi.

Minha vez. Vela, canto e respeito.


Tentei explicar um pouco desse festejo, quando souber mais continuo...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Primeira visita ao templo

Esse acontecimento foi ontem, mas mesmo atrasada vou escrever sobre, pois foi um turbilhão de emoções que despertou em mim.

Espaço grande e verde. Frequentadores trabalham cuidando do gramado. Templo.


Último dia na casa da família do diretor, último dia do final de semana(feriado) de aniversário do Mahatma Gandhi e uma vontade grande de conhecer o  espaço verde, amplo de onde ouço mantras do meu quarto. Bom, como ninguém falou de programação nenhuma, é pra lá que eu vou...
Acordei, todos estavam no quarto da avó. "Good morning, i would like to go to the temple next here". "Ok, I will call aunt and she goes with you". Algumas pessoas são chamadas de Aunt, geralmente empregadas.
A moça, vizinha, passou em casa e caminhamos até a sessão que estava começando. Não pode esquecer da dupatta, véu na cabeça, sem isso mulheres não entram nos templos, é sinal de respeito.
Bastante gente sentada no chão, de um lado homens do outro mulheres, "fiscais" de roupa branca organizam todos enfileirados. No palco de frente uma mulher da uma palestra e entre suas faladas um homem canta mantras. Eu reparo, fecho os olhos e me concentro, não entendo uma palavra, mas só de estar ali estou satisfeita compreende.
Uma hora mais ou menos, na saída passamos na livraria e eu ganhei um livro que fala sobre a mulher na sociedade, muito bacana da parte da didi (irmã em hindi). Caminhamos e no final ela me deu um abraço, nooossa quanto tempo não era abraçada assim, valeu.

Entrei em casa e Radjeep e Avó (Tejinder Kaur) estavam conversando sobre alguns catálogos de outras escolas para eles produzerem o da Playways High School, derrepente ela vem até mim e me dá um bem grande, de forma estúpida, dizendo para eu fazer minha aula daquele jeito. "Oi?" É, algo não estava bem.

As pessoas sempre ficam conversando ao meu redor, falam de mim, e por ser em Hindi é incompreensível, mas no meio dessa língua eles sempre falam algumas palavras em inglês, uma boa mistura. E percebi que ela comentava sobre eu ter ido ao templo.
Após almoço ela me comunica que todos vão a um encontro no Templo Sikh que eles frequentam e como eu vou estar dormindo, pois é logo após o almoço, que ai eles irão trancar a porta da casa. "Ok, não fui convidada, já entendi o recado".
Sobre a minha tarde sozinha no quarto tentando entender o que eu estava fazendo ali, não preciso detalhar.
O propósito desse post além de contar a experiência é dizer que DEUS é um só.

A sociedade aqui tem regras, bem claras. Quando cheguei aqui eu disse no discurso incial na escola que eu iria respeitá-los com o devido merecimento, porém em poucos dias sei que não tenho essa capacidade, pois desconheço essa desigualdade. Sei, de verdade, que eles merecem mais do ainda tenho pra dar, to me esforçando para aprender mais a respeitar.
Isso tudo foi uma conclusão minha, sem fatos. Acredito que o comportamento que senti foi por ter ido em outra religião e não ter ficado com eles em casa.

O dia terminou bem, eu e a avó assistimos a abertura dos jogos em Nova Delhi pela TV, muita dança, cor e vida. Vivendo e aprendendo.

Pra encerrar:
God has no religion”. Mahatma Gandhi

sábado, 2 de outubro de 2010

A família

Dia 2 de Outubro de 2010, aniversário de Mahatma Gandhi, líder político e espiritual na época que a Índia conquistou a independencia dos ingleses, "Father of the Nation" tinha a filosofia de não-violência. Feriado nacional, dia de descansar em casa, leitura e tempo para o blog.

Mani, Asis e Rajdeep

Desde que cheguei na Índia moro com uma família, os fundadores da escola em que trabalho. A avó, Tenjider Kaur, responsável pelo ínicio da PlayWays High School no ano de 1975, atualmente trabalha como diretora do campus de educação infantil, seu neto Mrs. Radjeep Singh, diretor do ensino fundamental e médio (meu chefe e facilitador por aqui)  é casado com Mani tem um filho de 1 ano e meio o Asis. Os 3 moram juntos com 1 empregada e sua filha.
A 17 dias estou com eles, no bom quarto de hospedes com cama de casal, varanda enorme com vista para uma área verde de um templo, closet e banheiro sem papel higiênico, mas limpo. Na frente da cama uma foto da mãe do Radjeep, falecida em um acidente de carro a mais de 10 anos, abaixo e ao lado da Tv uma imagem de Krishna, na parede em cima da cama um quadro que o Radjeep desenhou quando tinha 17 anos, o desenho é de uma pequena igreja no meio de um campo com 3 arvores, as cruzes indicam que a igreja é cristã. Antes de dormir é pra ele que eu olho.
A família é da religião (casta) Sikhism, cs sobrenome deles representam a casta que são, os cabelos longos sem cortar também, o homem sempre de turbante e as imagens dos 10 gurus espalhadas pela casa. Conhecem políticos da cidade e frequentam festas de pessoas conhecidas por aqui, tem boa condição social e vivem em um bairro tranquilo de casa grandes.

Gosto de morar com eles, são atenciosos, me ensinam bastante sobre os costumes. Claro, tudo tem os dois lados da moeda, mas com certeza são perfeitos para o que preciso. O Asis é um bebê fofo, carinhoso, me dá alegria ter ele por perto.

Quando acordei a avó perguntou se eu sabia quem era Mahatma Gandhi, "just a little". Nas notas de dinheiro, Rupees, tem fotos dele, ela me contou pela segunda vez.


“The Roots of Violence: Wealth without work, Pleasure without conscience, Knowledge without character, Commerce without morality, Science without humanity, Worship without sacrifice, Politics without principles” 


“Be the change you want to see in the world.”

Parabéns Mahatma Gandhi!
Obrigada família Indiana!


domingo, 19 de setembro de 2010

O início

Brazilian's Flag and Indian's Flag


Oi,
Hoje é dia 19.09.2010, Domingo, o único dia livre da semana. 
Embarquei para Índia no dia 13.09, saindo de São Paulo-Brasil com escala na França e 20 horas de voô. Fora o mini banho de suco de tomate que eu levei de uma indiana no último voô os outros companheiros de viagem e os trajetos foram bem tranquilos, e além de derrubar tomate com alcoólico, a mesma, na esteira para pegar a mala vendo a minha dificuldade com o carrinho falou "nothing wrong w ur car, just go" ok thanks, mas não tá andando..aa tah tem q empurrar pra baixo pra destravar a roda, vlw.
Bom, sempre aquele problema de excesso de bagagem e vontade de ter metade do peso pra carregar, mas vamos procurar o guichê pra comprar passagem de ônibus rumo 'a cidade que eu vou ficar. Ok, não existe guichê, liga pra empresa do buso, pega um taxi, "i can not understand u", é, o inglês dos indianos é britânico por causa da colonização do país. Foi bem complicado achar alguém paciente pra me ajudar. Cheguei no escritório da empresa, o ônibus já ia sair, foram colocando minha mala e qdo vi já estava do lado de uma indiana e todas as poltronas cheias, um saquinho com batatinha Lays, água e uma bolacha tipo maizena, bem tradicional, segundo minha companheira.

No ponto de encontro ligo pro diretor da escola, enquanto espero ele uma única estrela no céu se aponta bem na minha frente, sozinha eu não to. Vamos para casa dele, preocupado, já tinha ligado pra minha mãe, pois eu não dei noticias quando cheguei em Delhi, tava difícil me achar imagina dar notícia. Fui recebida por sua avó, muito simpática me serviu um Chai, chá com leite, aqui é assim, café e chá sempre com leite. O combinado foi tirar esse dia pra descansar e no outro ia conhecer a escola.
18.09.2010 - Dia de conhecer a escola, local de trabalho. Convocaram uma assembléia para me apresentar aos alunos, todos entram no jardim de entrada com as mãos cruzadas nas costas, se alguém esquece desse sinal de respeito é chamado a atenção para se alinhar. Uma canção é cantada por alguns alunos, e os outros enfileirados com mudra de oração e olhos fechados oram por um bom dia de aula.
Fiz uma breve apresentação e pedi a ajuda deles para ter a completa compreensão do motivo que fez eu parar aqui na Índia, aaa legal já chega pedindo ajuda rss.
Passei de sala em sala me apresentando, não sabia o que falar, algumas perguntas eu não sabia responder, tive até que cantar. 
O segundo dia de trabalho é a razão da imagem do post, além do motivo que ainda não tirei foto. Coloquei as bandeiras do Brasil e India, pois a primeira proposta em sala de aula foi para conhecê-los, saber como é a vida deles e o que eles pensam sobre o mundo e a natureza. Saiu bastante coisa interessante, que lembro agora foi: os sonhos que querem alcançar geralmente são relacionados com empregos para o futuro, querem acabar com o trabalho infantil, com o terrorismo, as matanças de bebês mulheres, gostariam de plantar muitas árvores, amam a Índia e a Terra é um presente de Deus onde todos são irmãos, precisamos de paz, unidade, honestidade e bons cidadãos (jovens de 10 a 16 anos).
Significado da bandeira da Índia que aprendi com eles: cor laranja - sacrificio, cor branca - pureza e verde - amor, a roda tem 24 espaços representando as horas do dia..na internet achei outros significados.
Nos próximos posts explico melhor...
até 

domingo, 12 de setembro de 2010

O Blog

Nome: daflorestaaooriente
Produto(O que é): Canal para compartilhar experiências e pensamentos;
Atividade(Como): Posts com foto, vídeo e;ou texto;
Descrição(Sobre o que): As postagens serão feitas durante um período de trabalho com crianças de 09 a 16 anos em uma escola regular de ensino fundamental e médio;

Local(Aonde): Índia - Punjab - Patiala - escola PlayWays High School;
Período(Duração): 6 meses;

Objetivo(Para que): Manter contato, trocar informações e registrar momentos;
Público-Alvo (Para quem): Interessados na cultura oriental, família e amigos;
Moderador(Quem escreve): Juliana Picolo - nascida no Brasil, terra da Amazônia a maior floresta tropical do mundo e maior concentração da biodiversidade do planeta que se completa com a mistura de raças que habitam esse país.
Início(Primeiro Post): 12.09.2010


Primeiro post. Como surgiu a idéia de ir para uma cultura tão diferente?
Sempre quis terminar a faculdade e realizar um intercâmbio no exterior, a Europa era uma boa, pois alguns conhecidos moram por lá e existe a oportunidade de conhecer diversos lugares. Mas, a vida muda, novas oportunidades abrem e a espiritualidade  me encaminhou para um novo destino. O interesse pela cultura milenar da Índia, berço de religiões como o Budismo e Hínduismo, e os desafios que o país apresenta, até mesmo de longe, aumentaram a vontade. Quem me conhece é dificil entender os superficiais motivos  desse trabalho/estudo...eu mesma preciso me conhecer mais.


Os dias antecedentes ao embarque estão cheios de emoções de diversos tipos, além de muitas tarefas a serem concluídas. Alegria, ansiedade e preocupação misturam-se aos questionamentos, prioridades e solidificação do foco. Após muita tensão sem recompensas procurei me amigar com o tempo e fazer o que está ao meu alcance, integrar o meu tempo com as datas, prazos e funções. O apego me atrapalha e a falta de organização também(exemplo: um dia antes da viagem a mala está vazia). Meu estímulo para encontrar equilíbrio com o tempo é a certeza do infinito e o destrichar ta na comodidade que vem acompanhada de uma certa preguicite.
"Saber desfrutar com plena conciência os espaços cômodos que conseguimos conquistar na vida, significa compreender que o excesso de comodidade é tão prejudicial como o próprio abandono" (livro: Exegese Logosófica)


Espero ter a companhia de vocês, por aqui também, e conseguir passar um bucado de minha vivência.
Abraços


 Brasil - Bahia - Boipeba